terça-feira, 22 de abril de 2014

Um retrato sem moldura

Abaixo, segue o texto do escritor moçambicano Mia Couto a partir do qual fizemos nosso último trabalho. Esse texto é introdução ao livro A África na sala de aula, de Leila Leite Hernandez. Ao lerem-no, prestem atenção às críticas que o autor faz à forma como, até hoje, pensa-se a história da África. Que relação podemos fazer entre esse texto e o vídeo "O perigo de uma história única", de Chimamanda Adichie?

UM RETRATO SEM MOLDURA

Aconteceu num debate, num país europeu. Da assistência, alguém me lançou a seguinte pergunta:

- Para o senhor, o que é ser africano?

Respondi com uma pergunta:

- E para o senhor, o que é ser europeu?

O homem gaguejou. Não sabia responder. Mas o interessante é que, para ele, a questão da definição de uma identidade se coloca naturalmente para os africanos. Nunca para os europeus. E ele nunca tinha colocado a questão ao espelho.

Recordo o episódio porque me parece que ele toca uma questão central: quando se fala de África, de que África estamos falando? Terá o continente africano uma essência facilmente capturável? Haverá uma substância exótica que os caçadores de identidades possam recolher como sendo a alma africana?

Conhecemos a impossibilidade da resposta. Afinal, é a própria pergunta que necessita ser interrogada. São pressupostos que carecem ser abalados. E onde se enxergam essências devemos aprender a ver processos históricos, dinâmicas sociais e culturais em movimento.

A África vive uma tripla condição restritiva: prisioneira de um passado inventado por outros, amarrada a um presente imposto pelo exterior e, ainda, refém de metas construídas por instituições internacionais que comandam a economia.

A esses mal-entendidos somou-se uma outra armadilha: a assimilação da identidade por razões da raça. Alguns africanos morderam essa isca. A afirmação de uma identidade africana sofre, afinal, do mesmo erro básico do racismo branco: acreditar que os africanos são uma coisa simples, uma categoria uniforme, capaz de ser reduzida a uma cor de pele.

Ambos os racismos partilham o mesmo equívoco básico. Ambos se entreajudaram numa ação redutora e simplificadora da enorme diversidade e da complexidade do continente. Ambos sugerem que o “ser” africano não deriva da história, mas da genética. E no lugar da cultura tomou posse a biologia.

Outro lugar-comum nesses exercícios de dar rosto ao continente africano é o peso concedido à tradição. Como se outros povos, nos outros continentes, não tivessem tradições, como se o passado, nesses outros lugares não marcasse o passo do presente. Os africanos tornam-se, assim, facilmente explicáveis. Basta invocar razões antropológicas, étnicas ou etnográficas. Os outros, europeus e americanos, são entidades complexas, reservatório de relações sociais, históricas, econômicas e familiares.

A autora Leila Leite Hernandez escreve: “[...] a África ao sul do Saara, até hoje conhecida como África negra, é identificada por um conjunto de imagens que resulta em um todo indiferenciado, exótico, primitivo, dominado, regido pelo caos e geograficamente impenetrável.” Desfazer permanentemente esses estereótipos é um convite para um olhar aberto, disponível e crítico. São as dinâmicas próprias e os conflitos particulares que definem identidades plurais, complexas e contraditórias, não identidades únicas. O rosto do continente africano só existe em movimento, no conflito entre o retrato e a moldura.

(Adaptado de: COUTO, Mia. Um retrato sem moldura (prefácio). In: HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2008.)

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Jerusalém: uma cidade e três religiões

Judaísmo             Cristianismo                  Islamismo





      Entre os séculos X a.C. e VI a.C., Jerusalém foi a capital política e religiosa dos Judeus

Templo de Salomão

      587 a.C.: invasões babilônicas

•      516 a.C.: conclusão do Segundo Templo



•      século IV até a época de Jesus: Jerusalém é conquistada por diversos povos, até o domínio do Império Romano

•      70 d.C.: Guerra Judaico-Romana
         - destruição do Segundo Templo
         - “Segunda Diáspora”: judeus se espalham para a Ásia Menor, Norte da África e Europa à ficam proibidos de voltar a Jerusalém até o século VII


•       século IV a século VII: domínio Bizantino e difusão do Cristianismo

•       638 a 1099: domínio do Estado árabe-muçulmano
      - permissão de retorno aos judeus
      - garantia de proteção  aos cristãos



•    1099: cruzados conquistam Jerusalém para os cristãos


       1187-1517: controle da região por diferentes grupos

•       1517-1917: domínio dos Turcos Otomanos

  Primeira Guerra Mundial (1914-1918)



•       1917-1947: domínio inglês

•       a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o Holocaustoo horror do massacre de judeus e outras minorias!


•       o “sionismo”: defesa de retorno dos judeus para a região de Jerusalém e criação de um Estado Judeu

•       1948: criação do Estado de Israel e início dos modernos conflitos na região


sábado, 19 de abril de 2014

Mapas sobre a Expansão do Islamismo

Mapas I e II:



 A Arábia ou Península Arábica é uma península localizada a sudoeste do continente asiático, como podemos ver no primeiro mapa. Contava com territórios não unificados de religiosidade politeísta. Após o século VII, difundem-se por toda a região os preceitos religiosos fundados pelo profeta Muhammad, firmando-se assim, como o berço das três religiões monoteístas - Islamismo, Cristianismo e Judaísmo.
 Atualmente conta com os países da Arábia Saudita (que detém cerca de quatro quintos do território), Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Kuwait, Omã e Iêmen, bem como partes da Jordânia e do Iraque, conforme apresenta o segundo mapa.

Mapa III:


 Nesse mapa temos as principais rotas comerciais antes da expansão islâmica pelas cidades da Arábia. A atividade cortava o território através das caravanas, sobretudo ao redor dos vales férteis no entorno das cidades, conhecidos como oásis.


Mapa IV:



 A partir das rotas comerciais acima delineadas, é possível notar a integração econômica de diferentes áreas dos três continentes, desde a Europa até a China e Índia, passando pelo norte da África e a Península Arábica. As mercadorias como especiarias e cerâmicas chegavam a Europa através dos mercadores e entrepostos comerciais ao longo das rotas, que podiam ser marítimas ou terrestres, processo que era extremamente demorado e custoso.
 Nesse sentido podemos inferir que as grandes navegações do século XVI e XVII não foram responsáveis pela integração econômica entre os diferentes continentes. No entanto, elas possibilitaram uma redução do tempo de transporte das mercadorias até a Europa.

Mapa V:


 A expansão do Islã sobre a península se inicia no século VII, com a pregação de Muhammad a partir da cidade de Medina, primeira comunidade islâmica. Após a morte do profeta, inicia-se uma sucessão de quatro Califas (chefe sucessor), período que ficou conhecido como Califado Ortodoxo e que durou até 750, quando uma nova dinastia - o Califado dos Omíadas - assume o poder.
 Nesse período há uma expressiva expansão do império, que chegou até a Península Ibérica. De 750 a 1258 assume ao Califado dos Abássidas, cuja capital era Bagdá. Nesse período ocorre uma fragmentação do poder em Califados independentes, ainda que houvesse um sentimento de irmandade e unidade ente eles.


Vejam o vídeo abaixo e leiam a letra dessa canção: que estereótipos sobre o povo árabe podemos identificar? De que formas esses estereótipos estão presentes em nossa sociedade?
 http://www.youtube.com/watch?v=vtAWFiOursg

Noites da Arábia
(Aladdin)

Venho de um lugar
Onde sempre se vê
Uma caravana passar

Vão cortar sua orelha
E mostrar pra você
Como é bárbaro o nosso lar

Sopram ventos do leste
E o sol vem do oeste
Seu camelo quer descansar

Pode vir e pular
No tapete voar
Noite Árabe vai chegar

A Noite na Arábia
E o dia também

É sempre tão quente
Que faz com que a gente
Se sinta tão bem

Tem belo luar
E orgias demais

Quem se distrair
Pode até cair
Ficar para trás