quarta-feira, 2 de julho de 2014

Humanismo e Antropocentrismo na arte renascentista*


O Humanismo foi um termo difundido no século XV por um conjunto de indivíduos que, desde o século anterior, esforçava-se por renovar o padrão de estudos das universidades medievais dominadas por uma cultura clerical. O movimento humanista propõe os studia humanitatis (estudos humanos: poesia, filosofia, história, matemática e eloquência) como uma forma de revitalizar os estudos tradicionais. Eles questionam a cultura medieval pautada numa submissão completa ao reino de Deus e ao poder da Igreja. Elaboram e divulgam um novo código de valores e comportamentos, inspirados na antiguidade greco-romana e afinados com os novos interesses de uma cultura urbana, comercial e, marcada pela ascensão de um novo grupo social, a burguesia.
Uma preocupação fundamental desses humanistas era com as capacidades físicas e espirituais do homem, observando-o não apenas como um desígnio de Deus - ou seja, um plano divino, sem autonomia na vida e no seu destino - mas como um sujeito de sua história, dotado de poder de criação e ação no mundo natural. O homem torna-se o centro das atenções desses humanistas e a essa atitude questionadora sobre as possibilidades criativas e ativas do homem chamamos Antropocentrismo.
A cultura humanística torna-se a base intelectual, filosófica e artística do período da história do Ocidente europeu conhecido como Renascimento Cultural.


A Arte Renascentista


Nas obras de arte do período renascentista podemos constatar uma convergência dos principais aspectos dessa cultura humanística: a ciência, a filosofia, a  história, a técnica, dentre outros. A arte renascentista espelha os processos de evolução das relações sociais e mercantis, pois é uma arte de invenção, de inovação e aperfeiçoamento técnico, ela acompanha as conquistas da física, da matemática, da geometria, da anatomia, da engenharia e da filosofia. Algumas das suas características principais são: o antropocentrismo, o naturalismo, o uso da perspectiva, os estudos anatômicos, os estudos de óptica, o uso da matemática (geometria), a humanização do divino etc. Os artistas desse período negam os princípios da arte medieval - arte simbólica com figuras exclusivamente religiosas, feita para ser um instrumento didático - vista como uma arte estática, inalterável e sagrada, tal qual a sociedade que ela representava. A arte renascentista, por sua vez, apresenta uma nova concepção do saber e da relação com o sagrado presente na sociedade urbana, comercial e burguesa desse período. Por toda parte tem-se uma nova palavra de ordem: "Viver mais pelo sentido do que pelo espírito".  

*Adaptação do texto: SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1994. – (Coleção Discutindo a História).



Trabalho com obras de arte feito em sala de aula - imagens e principais aspectos


- Contraste entre a arte medieval e a arte renascentista

Pintura Medieval


Cimabue. Maria entronizada com o menino, São Francisco, São Domenico e dois anjos (século XIII).
Têmpera sobre madeira, 133 x 81 cm.
Galleria degli Uffizi, Florença


1. Ausência da ideia de espaço
2. Desproporção entre as figuras
3. Arte simbólica com figuras exclusivamente religiosas


Pintura Renascentista


Raffaello Sanzio. Maria entronizada com o menino e com santos, 1504-05.
Têmpera sobre madeira, 172 x 172 cm.
Metropolitan Museum of Art, New York


1. Racionalismo (perspectiva)
2. Figuras proporcionais
3. Naturalismo


- Arte Renascentista - uma nova concepção do saber e da relação com o sagrado


Leonardo da Vinci. O Homem Vitruviano, 1492. Caneta, tinta, aquarela e metalpoint, 34,3 x 24,5 cm.
Gallerie dell'Accademia, Veneza, Itália. 




      Leonardo da Vinci. Estudos da proporção da cabeça e dos olhos. - . Caneta e tinta sobre papel, 19,7 x 16 cm. 
Biblioteca Real, Turim, Itália.

                                       


Leonardo da Vinci. Estudos de anatomia. 1504-6. Caneta sobre papel. 25,3 x 19,7 cm. 
Biblioteca Real, Turim, Itália.


1. Antropocentrismo
2. Naturalismo (anatomia)
3. Racionalismo (matemática)
4. Valores da antiguidade Greco-romana (estudos de Vitrúvio)

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Donatello. São Jorge. 1415-16. Mármore, 209 cm. Museo Nazionale Del Bargello, Florença, Itália.


1. Humanização do divino (afetos – guerreiro)
2. Naturalismo (anatomia)
3. Valores da cultura Greco-romana (mármore + monumentalidade)

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Jan Van Eyck. Retrato de Giovanni Arnolfini e sua esposa, 1434. Óleo sobre madeira, 81,8 x 59,7 cm.
National Gallery, Londres, Inglaterra.


1. Temática burguesa (mercador)
2. Individualismo (retrato conjugal + assinatura do pintor)
3. Racionalismo (perspectiva + estudos de óptica)
4. Nova técnica de pintura à óleo 

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