segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mapa e relatos acerca da colonização espanhola na América.

Neste mapa sobre a conquista espanhola na América, a partir do século XVI,  podemos observar  disposição dos povos nativos (Mais, Astecas e Incas) ao longo do território da atual América Central e do Sul. Percebe-se também as incursões de exploração da terra por parte dos chamados “conquistadores” espanhóis ao longo dos séculos, iniciado por Cristóvão Colombo em 1492 e prosseguido mais tarde por Hernán Cortés, Francisco Pizarro e Almagro. É interessante atentar para os focos de resistência dos nativos nos quais houve vitória militar por parte destes (ver legenda).


A seguir, temos dois relatos de espanhóis sobre os costumes indígenas e uso da violência contra estes nativos. Os trechos são, respectivamente, de um viajante da embarcação de Colombo chamado Miguel de Cuneo e de Bartolomeu de Las Casas (religioso defensor da não utilização da escravidão indígena e cujo discurso teve grande repercussão na Espanha). Veja:

“Geralmente, têm pouquíssima barba e belíssimas pernas, e são duros de pele. As mulheres têm as tetas mui  redondas, duras e mui bem feitas. Estas, geralmente quando dão à luz, levam imediatamente seus filhos para a água, para lavá-los  e lavar-se a si mesmas e não se lhes enruga o ventre por causa do parto, se não que lhe fica sempre terso, e assim as tetas. Vão totalmente nus, porém é verdade  que as mulheres , quando já conheceram varão, cobrem-se na frente com folhas de árvore ou com um pedaço de pano de algodão [...]. Comem todos os animais brutos e venenosos, como serpentes de 15 a 20 gramas cada uma; e quando topam  com as mais grossas, são midas por elas. Quando querem comer as ditas serpentes, as cozinham no meio de duas madeiras em assado; nós faltando-nos o que comer, as temos comido, e nos parecem boníssimas, e têm a carne branquíssima. Comem também  cachorro que não são demasiadamente bons.  Assim mesmo, comem cobras , lagartos e aranhas [...] caranguejos venenosos [... ] comem como pão aquelas raízes grossas [mandiocas] que são parecidas com  os nossos nabos [...] e sua bebida d’água [...] suas facas são pedras afiadas [...] nem sabem o que seja Deus nem diabo. Vivem mesmo como bestas; quando têm fome , comem; fazem o coito sem recato algum quando lhes dá a vontade, e fora dos irmãos e irmãs, todos os demais são comuns. Não são invejosos [...]”
(Miguel de Cuneo, Relação, 1495)

 “Os cristãos davam-lhes de bofetadas, de punhos e de paus, até pôr as mãos nos senhores dos povoados. E chegou isto a tanta temeridade e desavergonha que ao maior rei [cacique], senhor de toda a ilha, um capitão cristão, com seus cavalos es espadas e lanças, começou a fazer matanças e crueldades estranhas neles. Entravam nos povoados, nem deixavam meninos nem velhos, nem mulheres grávidas nem paridas que não desbarrigassem e faziam em pedaços, como se fossem cordeiros metidos nos seus apriscos. Faziam  apostas sobre quem de uma cutelada abria o homem pelo meio, ou cortava a cabeça dele de um só pique, ou lhe descobria as entranhas. Tomavam as criaturas [os bebês] das tetas das mães pelas pernas, batiam suas cabeças nas pedras. Outros jogavam-nas nos rios pelos ombros, rindo e burlando, e ao cair nas águas, eles enfiavam a espada com as mãos juntamente, e todos quanto diante de si encontravam. Faziam umas forças largas , que juntassem  quase os pés na terra, e de treze, em honra e reverência a Nosso Redentor e aos doze apóstolos , pondo-lhes lenha e fogo os queimavam vivos. Outros atavam e ligavam todo o corpo com palha seca : pegando-se-lhes fogo, assim os queimavam [...] ”
(Frei Bartolomeu de Las Casas, Brevíssima relação da destruição dos Índios, 1542)

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