Os índios no Brasil Contemporâneo
Cinco
ideias equivocadas sobre os índios
1º) Índio genérico
- Ideia de um bloco
único
=> reduz culturas
diferentes a uma entidade supraétnica
2º) Culturas atrasadas
- Ideia de culturas
primitivas
=> despreza saberes indígenas
3º) Culturas congeladas
- Imagem idealizada do
indígena
=> negação da
“interculturalidade”
4º) Índios pertencem ao
passado
- Ideia de que os povos
indígenas fazem parte apenas do passado
=> ignora sua
atualidade, seus costumes e tradições
5º) Brasileiro não é
“Índio”
- Desconsiderar a
matriz indígena na formação do povo brasileiro
=>
tendência à identificação com o “vencedor”
Estudo de Caso: Ashaninkas
Vídeo “Filhos da Terra”, capítulo 8
da série “Índios no Brasil”.
O vídeo “Filhos da Terra” é o oitavo
capítulo de uma série produzida pela TV escola em parceria com o Vídeo nas Aldeias
e o Ministério da Educação. Busca-se apresentar a relação, nem sempre amistosa,
entre “índios” e “brancos”. Nesse capítulo podemos perceber como os índios se
relacionam com o seu território ancestral, como falam da natureza e como
entendem o desenvolvimento sustentável.
O
povo indígena Ashaninka é um bom exemplo desse tipo de pensamento e uso dos
recursos naturais de forma não predatória, ou seja, sustentável. No vídeo a
seguir podemos identificar os elementos constitutivos da sua visão de mundo, da
sua relação com a terra e com a sociedade brasileira da qual fazem parte.
Obs: caso não consiga visualizar o vídeo, ir para página na internet <http://www.videonasaldeias.org.br/2009/video.php?c=20>.
Ashaninka (“Kampa”) – Rio Amônia –
Brasil
- Autodenominação:
Asheninka = “meus parentes”, “meu povo”.
- Família
Linguística: Aruak (= Arawak, Aruaque).
- Localização:
Brasil (Acre) e Peru.
- População:
70 mil – 120 mil (maioria no Peru).
- Ocupação
de territórios da Bacia do Amazonas: há 5000 anos.
Sobre a imagem:
os Ashaninkas sempre usaram roupas de algodão de sua própria fabricação, assim
como colares, chapéus etc. Essa foto faz parte da exposição “O poder da Beleza”
inaugurada no Dia Internacional dos Povos Indígenas, 09 de agosto, no Museu do
Índio no Rio de Janeiro, a mostra apresenta aspectos e elementos da cultura e
da estética do povo Ashaninka do Rio Amônia.
Visão de mundo, relação com a terra
e com a sociedade brasileira.
-
Uso de um calendário sazonal: contato pelo ciclo de reprodução das espécies da
flora e fauna, de forma a manter o equilíbrio do ecossistema e garantir uma
produção de gêneros alimentícios variados ao longo do ano.
-
Uso sustentável dos recursos naturais: utilização dos recursos da natureza sem
colocar qualquer espécie em risco de extinção.
-
Introdução de produtos da floresta na economia de mercado: temos o exemplo da
fábrica de sabonetes feitos de sementes da Amazônia, nesse projeto os
Ashaninkas buscam introduzir no mercado não só um produto, mas uma história,
repassando assim seus conhecimentos para fora da aldeia através de iniciativas
de desenvolvimento sustentável. Buscam valorizar suas culturas e trazer benefícios
para floresta, preservando seus recursos e garantindo a proteção das reservas
indígenas.
-
Associação Apiwtxa: instituição criada pelos Ashaninkas do Rio Amônia para
garantir seus direitos, através do uso de um dispositivo legal para negociar e
executar seus projetos.
Desenvolvimento Sustentável
=
> Uso dos recursos da natureza, mas sempre pensando nas gerações futuras.
Pensa-se em todo o processo de produção de uma mercadoria (seu uso e descarte),
do início ao fim.
-
Os Ashaninkas participam de projetos de reflorestamento e de manejo da flora e
da fauna: coletas de sementes de árvores nativas em parceria com a Universidade
de São Paulo para revenda no mercado de reflorestamento; uso de sistemas
agroflorestais como estratégia de plantio sustentável, promovendo a
coexistência simbiótica de espécies nativas da mata e espécies úteis para a
alimentação, favorecendo a biodiversidade e a não degradação dos solos, dentre
outros.
-
A proteção e revitalização dos territórios indígenas e do entorno: só foi
possível a partir da demarcação das terras indígenas dos Ashaninkas do Brasil
em 1992. Com a passagem de um território flexível para uma reserva fixa com
limites, foi possível lutar contra os madeireiros que invadem a região e promover
um uso sustentável dos recursos da floresta, através de sistemas agroflorestais
de plantio e projetos de manejo da flora e fauna, repovoando a reserva e
valorizando as culturas indígenas.
Por
fim, deixamos como reflexão a fala do líder indígena Ailton Krenak, que
apresenta o vídeo “Filhos da Terra”, sobre a relação dos indígenas com a terra.
Suas palavras nos levam a pensar a importância da demarcação das terras
indígenas para que se possa, a partir da reconstrução desses territórios
expropriados por uma violência histórica, garantir às sociedades tradicionais o
seu modo de vida.
“Desde
que os primeiros europeus chegaram aqui, os brancos quiseram comprar as terras
dos índios na América toda. (Os índios) Sempre disseram: - Eu não posso vender
a terra, porque a terra é a nossa mãe. Esse sentido sagrado tem para todos nós,
cada um dos nossos territórios. Então, além dessa dimensão que nós sabemos que
nós temos no nosso dia-a-dia que é de buscar nossa comida, o nosso remédio, a
nossa cura na floresta, buscar nosso alimento nos rios... Nós sabemos que esse
lugar para nós também é o único lugar da Terra onde nós podemos continuar sendo
nós mesmos e verdadeiramente ligados com a nossa origem e com a nossa memória
ancestral.”
(Ailton
Krenak – líder indígena)
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